Às vezes quisera
que não me doessem as coisas
que existem e que eu não posso evitar
Às vezes quisera não ver
as trapaças, a corrupção, a violência
esta ganância desenfreada por dinheiro e poder
Às vezes quisera ser um extra-terrestre
para não ser cúmplice desta humanidade
porém sou ajuizada, astuta, um tanque
Às vezes quisera ser um soldado que no tanque vai
frente a mentira, frente a verdade
Às vezes quisera ser
a mãe que presenteia seu filho
ser a outra que o cria
sendo saqueada por mercenários
lamentando seu dinheiro
que sempre vale cada vez menos
mas é a última defesa
da sua integridade
Às vezes quisera ser
o político que sabe que mente
ter esta a hipocrisia escancarada em seu rosto
diante da pobreza do cidadão
que paga o seu gordo ordenado
Às vezes quisera ser
o jornalista que mais se diverte
ser o presidente que adianta o fim
vendo a crise mundial desenfreada
acabando aos poucos com o emprego
do povo sofrido, que ainda acredita
que luta por dias melhores
Sou a impotência, a angústia, o nada
Sou o olhar que enxerga mas não aguenta ver
Às vezes quisera não ver
que não me doesse ver a realidade
só me resta rezar
o que vou fazer…
(Cristiane Souza Gomes)
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