Os Poderes Impressionantes do Nosso Cérebro


A ciência acumulou anos de sabedoria à nossa disposição. Nosso cérebro é capaz de fazer ligações impressionantes, e conhecê-las pode nos ajudar a tomar melhores decisões na vida. Confira:

1. Se você evita pensar no futuro, fica melhor em tudo

Pense nas chatas aulas de conjugação do português. Passado, presente e futuro. A diferença entre “João está na loja comprando bolacha” e “João vai para a loja comprar bolacha” é clara para falantes do português, como nós. Usar uma ou outra frase implica quão longe estamos de comer bolacha. Essa informação pode parecer essencial, mas a realidade é que várias línguas não têm um tempo futuro, ou seu uso não é obrigatório, como o mandarim, língua na qual é perfeitamente aceitável dizer algo como “João loja comprar bolacha”.
Será que os falantes dessas línguas vagam pelo mundo confusos, completamente inconscientes do tempo como nós o conhecemos, gritando para o vazio da sua história sem datas?

Não. Eles estão na verdade muito melhor que nós. Falantes de línguas sem tempos verbais tomam melhores decisões do que falantes de língua com tempos verbais, em praticamente tudo. Por exemplo, um estudo realizado pela Universidade de Yale (EUA) analisou dados de 76 países com foco em coisas como poupar dinheiro, tabagismo e hábitos de exercício e saúde e descobriu que as culturas em que a maioria das pessoas falam línguas sem um tempo futuro tomam melhores decisões financeiras e de saúde em geral. Falantes de línguas como o inglês são 30% menos propensos a poupar dinheiro.

Provavelmente, pessoas que não usam o tempo futuro nas suas frases veem suas vidas menos como uma linha do tempo e mais como “um todo”. Portanto, são automaticamente mais conscientes de como suas decisões afetam seu futuro. Paradoxalmente, parece que o pensamento do futuro como um lugar distante nos afasta das realidades da nossa vida diária, nos tornando mais propensos a comprar uma segunda calça jeans que não precisamos só porque a primeira parece solitária. Para os brasileiros com 1.245.780 tempos verbais, o futuro é como outro planeta onde moram as consequências que não pretendemos visitar.

2. Música muda sua capacidade de perceber o tempo

Toda vez que você precisa fazer uma reclamação via telefone, fica horas escutando musiquinhas chatas. Lojas também têm música. Outros lugares que envolvem espera, como consultórios médicos, também costumam usar música. Tudo isso é projetado especificamente para lhe dar a impressão de que você está esperando há menos tempo do que realmente está.

Quando seu cérebro está constantemente distraído, você fica menos propenso a perceber as coisas em torno de si em detalhes, e isso inclui a passagem do tempo. Nosso cérebro tem uma capacidade limitada de absorção de informação, e quando alguma coisa está usando essa capacidade – como a música -, somos menos propensos a pensar coisas como: “Vou sair dessa fila de m@!#$ que não anda” e “Será que eu realmente preciso deste despertador do Garfield”?

Mas funciona da maneira oposta, também. Em algumas situações, ouvir música pode aumentar o tempo percebido. Por exemplo, ouvir música durante a execução de outra tarefa que exige concentração, como fazer lição de casa, normalmente nos leva a superestimar a quantidade de tempo que passou. A teoria é que, conforme sua mente alterna-se entre a percepção da música e a concentração na tarefa, forma memórias distintas e, quando seu cérebro pensa sobre o que você tem feito na última hora, se lembra de mais de um evento ou memória e acha que a hora foi bastante longa.

O tempo também se expande quando ouvimos uma música conhecida que não gostamos. Logo no início, nosso cérebro recorda qual é aquela canção, e todo o seu conteúdo é lembrado mentalmente. Esta “memória falsa” é extremamente vívida – trabalha exatamente as mesmas partes do cérebro que a música real. Assim, esse breve momento no qual você imagina vividamente que vai ter que ouvir cinco minutos de Latino antes de voltar à realidade é como uma dobradinha dos verdadeiros cinco minutos que você ainda vai ter que aguentar de Latino.

3. A escolha de palavras em uma frase é capaz de mudar sua opinião

Pequenas alterações em um texto podem mudar enormemente a opinião das pessoas. Durante o debate americano sobre a saúde em 2010, por exemplo, quatro organizações separadas realizaram pesquisas para saber a porcentagem de americanos que apoiavam o plano de saúde. Chamá-lo de “plano de saúde administrado pelo governo – algo como o Medicare, a que pessoas acima de 65 anos têm direito” recebeu 66% de apoio; chamá-lo de “seguro de saúde administrado pelo governo” angariou 44% de apoio, e chamá-lo de “exatamente o que Mussolini teria querido” reduziu o número a apenas 2% de apoio.

Pouco importa se você é uma pessoa bem-informada sobre o assunto ou não. O cérebro pode ser manipulado com diferenças muito sutis no texto independentemente do seu nível de conhecimento.

Em um estudo, psicólogos sociais enviaram inquéritos a várias centenas de eleitores americanos registrados antes de uma eleição (nos EUA, o voto não é obrigatório). Metade respondeu se era “importante votar”, e metade se era “importante ser um eleitor”. As pessoas que leram a palavra “eleitor” foram quase 14% mais propensas a votar. Os cientistas acreditam que isso levou as pessoas a identificar-se com a palavra. Por outro lado, a palavra “voto” deu a entender que a pesquisa estava apenas pedindo para as pessoas executarem uma tarefa – a diferença entre fazer ou não uma ação simples x ser um tipo de pessoa levou o segundo grupo a realmente fazer a ação.

4. Música lhe deixa mais forte

Não é nenhum segredo que muitas pessoas preferem ouvir música quando se exercitam. Ela não é só capaz de tornar a atividade física mais agradável, como realmente torna o nosso desempenho físico melhor. Ao ouvir música, as pessoas podem levantar mais peso, sentir menos dor e correr mais e em menos tempo.

Semelhante ao efeito de percepção de tempo mencionado acima, um elemento é apenas a distração que a música proporciona. Sem ela, você se foca mais no cansaço. Mas há muitos mais fatores envolvidos, como a sincronicidade. Quando você combina seus movimentos a um ritmo musical constante, gasta menos tempo e esforço do que quando vai a seu próprio ritmo. A música também aumenta a incidência de estados de “fluxo”, estados de meditação fortemente ligados a um melhor desempenho atlético.

A música pode até mesmo fazer você se sentir menos dor. Pacientes que ouvem música após cirurgias precisam de menos sedativos, relatam menos dor, têm pressão arterial mais baixa e menos estresse. Muitos médicos também acham que ouvir música melhora seu desempenho, e podem realizar operações ao som de suas canções preferidas.

5. Pensar que você está cheirando bem o torna mais atraente

Várias indústrias multimilionárias foram construídas sobre a ideia de que o cheiro bom pode lhe tornar mais atraente. Isso pode ser verdade, mas não por causa de qualquer marca ou cheiro em especial. Em um estudo realizado pela Universidade de Liverpool (Reino Unido), alguns homens passaram um desodorante (o qual não sabiam a marca) e outros não, e em seguida todos conversaram com mulheres via vídeo (ou seja, fora do alcance do cheiro). Ainda assim, os homens que estavam usando desodorante foram avaliados como mais atraentes.

De acordo com os cientistas que fizeram a experiência, o poder estava dentro dos próprios homens. Os caras que haviam se perfumado imaginaram que estavam cheirando bem e a sua linguagem corporal exibiu mais confiança. As mulheres, por sua vez, responderam bem a esses homens confiantes.

6. Encher sua mesa de trabalho com itens pessoais lhe deixa mais produtivo

Ter controle sobre um pequeno aspecto totalmente inconsequente da nossa vida melhora nossa produtividade em 32%. A verdade nua e crua é que os nossos espíritos supostamente indomáveis podem ser dominados com tão pouco quanto um rolo de fita dupla face, glitter, uma impressora a cores e cinco minutos de acesso aos nossos álbuns de fotos do Facebook.

7. É possível se sentir descansado dormindo apenas duas horas

E se lhe disséssemos que há uma maneira de dormir pouco mais de duas horas por dia e ainda se sentir mais revigorado do que ao dormir uma noite inteira?

O chamado “cronograma de sono Uberman” é uma maneira de obter a quantidade máxima de sono essencial para o seu corpo sem perder horas de seu precioso tempo. A programação consiste em fazer seis cochilos de 30 minutos a cada quatro horas durante o dia.

Claro, este novo padrão de sono vai ser muito ruim de se acostumar. Depois de três ou quatro dias nesse cronograma, você pode ficar estranho ou se sentir mal por causa da privação de sono. Não desista. Por volta do dia 10, seu cérebro vai dizer: “Já entendi, vamos fazer do seu jeito”, e irá se adaptar ao seu novo horário de sono sobre-humano.

Quando você dorme normalmente, seu corpo recebe apenas cerca de uma hora e meia de sono REM, o tipo de sono mais importante para manter o cérebro afiado. Enquanto outros estágios do sono ajudam seu corpo a se curar e crescer, o sono REM é o que faz você se sentir descansado.

Os primeiros dias de adaptação são difíceis porque o seu corpo não está recebendo nenhum sono REM, e seu cérebro te odeia por isso. Após o terceiro dia, mais ou menos, seu cérebro descobre que você está falando sério sobre sua nova rotina, e cada vez que você se deita para um desses cochilos, mergulha diretamente no sono REM em uma tentativa de compensar a privação. Logo, você terá duas horas completas de sono REM por dia, enquanto as pessoas que dormem normalmente só têm uma hora e meia.

Fonte: CNN