OMS: epidemia de ebola é provavelmente muito pior do que pensamos


A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a epidemia de ebola da África Ocidental é provavelmente muito pior do que os números dão a entender.

Segundo especialistas que estiveram na linha de frente do combate ao surto, o pior de ebola da história, os casos de mortes e doenças são significativamente maiores do que as estimativas oficiais.

Até o momento, 2.127 casos da doença e 1.145 mortes foram registrados em quatro países – Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa. A organização afirmou que, embora estes sejam os dados coletados, o número real é quase certamente maior, talvez por uma margem considerável.

Recentemente, a OMS informou que a epidemia está crescendo mais rápido do que os esforços para contê-la.

Agora, Joanne Liu, presidente da Médicos Sem Fronteiras, acrescenta que vai demorar meses até que os governos e os trabalhadores de saúde na região possam obter uma vantagem sobre a doença.

“Muitas mortes ocorreram no seio das comunidades locais, e não em centros de saúde, e as mortes conhecidas são provavelmente a ponta do iceberg”, disse Liu.

Em uma declaração dada ontem, quinta-feira (14), a OMS clamou estar coordenando “um enorme aumento de escala” em apoio de governos, agências de controle de doenças e outras organizações.

Margaret Chan, diretora-geral da organização, reuniu embaixadores em Genebra na quinta-feira para identificar as necessidades mais urgentes e buscar respostas coincidentes.

“Ação para combater a epidemia está em níveis diferentes em cada um dos países afetados”, observou Liu, destacando a Libéria como uma prioridade da comunidade internacional, uma vez que se esforça para conter a propagação da doença na capital, Monróvia, com 1,3 milhões de habitantes, onde um centro de saúde sobrecarregado presta assistência aos pacientes com ebola. “Se não estabilizarmos a Libéria, nunca vamos estabilizar toda a região”, alertou a médica.

A ONU informou que o Programa Mundial de Alimentos está entregando alimentos a mais de um milhão de pessoas em quarentena nas zonas onde as fronteiras da Guiné, Libéria e Serra Leoa se cruzam, mas a Dra. Liu tem dúvidas sobre a eficácia dos postos de controle destinados a restringir os movimentos dos doentes.

“Eu já vi isso: as pessoas estão fugindo, estão correndo por aí”, disse ela, descrevendo um posto de controle pelo qual passou onde as pessoas estavam caminhando livremente em torno.

Sem colaboração da população local, a médica crê que é difícil que a medida seja eficaz. 

Fonte: NyTimes