Muitas cidades não consideram a preservação histórica, quanto ao planejamento para desastres naturais

Uma nova pesquisa da Universidade do Colorado (Denver, EUA) aponta que muitas comunidades desconsideram a presenção histórica quando estão planejando ações frente aos desastres naturais, arriscando-se a perder o patrimônio e setores críticos da economia local em caso de catástrofe.

Blumenau - Enchente de 1983
"Diversos recursos históricos e culturais em todo mundo estão em risco", disse o autor do estudo, Andrew Rumbach, professor assistente de planejamento e projeto da Faculdade de Arquitetura e Planejamento. "E, apesar de sabermos disso, poucos recursos são dedicados a protege-los."

O estudo, com co-autoria de Douglas Appler, da The Helen Edwards Abell Chair in Historic Preservation da Universidade do Kentucky, foi publicado na mais recente edição do Jornal of the American Planning Association.

Os pesquisadores revisaram os planos de preservação e mitigação dos riscos históricos em todos os 50 estados americanos. Eles também estudaram a exposição destes recursos históricos em locais com risco de inundação no Colorado, Kentucky e Floripa. Eles identificaram diversos locais históricos em áreas de risco. Na Floripa, por exemplo, eles descobriram que 23% dos locais históricos estão localizados em planície de inundação de mais de 100 anos. 

No Colorado, as inundações catastróficas de 2013, dizimaram edifícios históricos em toda região de Front Range. Na pequena cidade de Lyon, por exemplo, as enchentes destruíram um abrigo histórico (WPA - Works Progress Administration) e danificou - significativamente - o acervo da biblioteca de Lyons, originalmente construída em 1881.

"Como os custos de eventos climáticos extremos continuam a subir, os preservacionistas históricos e planejadores, estão preocupados pois, a politica de redução de risco de desastre precisa tornar-se mais consciente dos interesses da comunidade, como salvar o patrimônio histórico", afirma o estudo. "Os perigos naturais, como inundações, incêndios e tempestades, representam uma significativa ameaça para os recursos históricos e, provavelmente, os efeitos das mudanças climáticas antropogênicas, tornarão essas ameaças ainda mais graves. 

Na realização da pesquisa, Rumbach descobriu que alguns estados já tinham planos exemplares para salvaguardar recursos históricos em caso de catástrofe. 

A equipe de mitigação de riscos de Dakota do Norte incluiu um representante do patrimônio histórico em sua equipe. O plano de emergência descreve e cataloga ativos e lugares históricos importantes. Ele também identifica potencial financiadores para a documentação e proteção destes locais em caso de desastre natural.

Em Key West, Floripa, a cidade construiu válvulas de controle de maré e demais infraestruturas para controlar a vazão da água em tempestades, para limitar as inundações nas áreas da parte antiga da cidade. 

Apesar disso, Rumbach afirma que a maioria das comunidades não possui um representante para preservação histórica em sua equipe de gestão de desastres. Em sua pesquisa, ele descobriu que apenas 40% das equipes possuía um representante para preservação histórica.

"Muitos planos de mitigação de desastres não mencionam os recursos históricos" - disse Rumbach. Como os locais históricos são pontos de interesse turístico-econômico, essa necessidade precisa ser resolvida.

Economia de lado, muitas comunidades acabam perdendo sua própria identidade, a partir da perda destes locais históricos, como ocorreu no caso do furacão Katrina em Nova Orleans e da Costa do Golfo, que arrasou milhares destes recursos.

 "No âmbito nacional, está havendo uma tratativa de expansão dessa compreensão da necessidade de preservação dos locais históricos e da importância dos mesmos estarem inseridos nos planejamento para desastres", disse Rumbach. "Esta pesquisa irá ajudar a trazer uma melhor compreensão do que deve ser feito para proteger os recursos históricos durante o planejamento de desastres e o processo de recuperação.


Fonte: http://www.news-medical.net/