O sol atua como um catalisador. A radiação interfere no DNA das células, provocando uma multiplicação desordenada. Mas a pessoa precisa ter uma predisposição genética para a doença, o que não significa necessariamente algum caso de câncer na família. Ela pode ter uma predisposição, e nenhum parente ter desenvolvido a doença.
Quanto mais queimaduras de alto grau, maior o risco de desenvolver a doença.
A intensidade da radiação varia de acordo com a altitude (quanto mais alta, pior), com a latitude (a radiação é mais intensa em regiões próximas ao Equador), com as estações no ano (piora no verão), com as condições atmosféricas (nuvens altas atenuam 50% os raios UVB) e horário (das 11h às 16h, horário de verão). O sol da montanha, portanto, é mais intenso, no entanto na praia há o agravante da areia, que funciona como refletor. O mesmo vale para o Nordeste do país. Por ficar mais perto da linha do Equador, a radiação recebida é mais intensa. Quanto mais ao Sul do país, mais branda é a incidência dos raios ultravioleta.
A doença se manifesta imediatamente após uma intensa exposição ao sol?
Não. O aparecimento de manchas ou verrugas pode demorar. Mas a procura ao médico (oncologista ou dermatologista) deve ser rápida, logo que esses tipos de lesão que sangram, coçam, descascam ou não cicatrizam forem percebidos.
Há três tipos de câncer: o carcinoma basocelular (aparece em forma de mancha), o carcinoma espinocelular (adquire a forma de nódulo) e o melanoma cutâneo, o mais agressivo (aparece como uma pinta escura, que vai se deformando). Os três costumam surgir nas áreas mais expostas ao sol, como rosto, dorso e ombros, mas podem manifestar-se em outras partes do corpo. O melanoma pode ainda ser encontrado em regiões mais "escondidas", como planta do pé, palma da mão, pernas, região genital ou sob a unha.
Pode variar de dois meses a um ano, depende da pessoa. Mudanças na forma e na coloração e aumento de tamanho são sinais de alerta para o desenvolvimento de melanoma. Na maioria dos casos, é recomendada a retirada da pinta como forma de prevenção.
Na maioria das vezes, sim. Como o de boca, é um dos poucos tipos de câncer visíveis. O problema é que, em geral, as pessoas vêem o sinal de alerta, mas não desconfiam da possível gravidade daquela mancha ou do nódulo e demoram para procurar ajuda.
Se a pessoa tomou sol sem proteção na infância e na adolescência, ela deve tomar cuidados extras depois para reduzir o risco de ter a doença?
A radiação é cumulativa, por isso a proteção tem de ser feita desde a infância e deve ser contínua, para a vida toda.
O significado da exposição ao sol ainda era desconhecido pela ciência.
A cada década que passa, a camada de ozônio fica mais fina, especialmente em regiões equatoriais. No ano passado, o diâmetro do buraco sobre a Antártida chegava a 26 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes a área do Brasil. O ozônio funciona como filtro dos raios ultravioleta.
Tanto faz. O importante é que o protetor solar tenha FPS adequado à pele da pessoa e garanta proteção contra UVB e UVA.
Sim. Essa pessoa deve ter sempre um acompanhamento médico -até para se proteger de uma possível metástase, por exemplo.
É raro e quando acontece é devido a uma doença congênita e grave. Apesar disso, os pais devem ficar atentos no caso de pintas congênitas escuras.
Embora tenha aumentado o número de jovens com câncer de pele, a maior incidência desse problema é em idosos. Uma das razões para isso é o fato de a radiação solar ser um processo cumulativo.
Não, o que há, na verdade, é a presença de melanoma sob a unha. No caso, o problema é na pele, e não na unha.
O carcinoma espinocelular e o melanoma cutâneo podem provocar metástase (as células alteradas circulam pela corrente sanguínea ou pela circulação linfática e se alojam em outros órgãos) e matar. Já o carcinoma basocelular também é perigoso porque pode se espalhar (nesse caso, o tumor cresce atingindo os órgãos vizinhos).
A emissão de raios ultravioletas não é suficiente para provocar queimaduras ou câncer. No entanto as lâmpadas frias emitem raios que alteram a célula da epiderme, acelerando o envelhecimento cutâneo.
Sim, mas, nesse caso e também na incidência em peles pardas e amarelas, a doença nem sempre se deve à excessiva exposição solar, mas a uma "fraqueza" na pele decorrente da grande miscigenação que ocorre nos países tropicais.
Depois do diagnóstico, o médico costuma retirar o tumor e encaminhá-lo para biopsia. Após análise do tumor, dependendo do caso, sessões de radioterapia podem ser aconselhadas.
Fontes: Folha de SP, Rogério Izar Neves, cirurgião plástico e chefe do setor de Oncologia Cutânea do Hospital do Câncer em São Paulo; Jayme de Oliveira Filho, dermatologista e coordenador nacional da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele; Fernando de Almeida, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia; Ligia Kogos, dermatologista; Célia Beatriz Davi, dermatologista; Luiz Francisco Maia, do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar da UFRJ
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