A operação de retomada da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tem feito a alegria de políticos oportunistas, como é o caso do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), mas há detalhes nessa fábula que a imprensa parece não se interessar. De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope, as ações das forças de segurança contam com 88% de aprovação popular. Nos 12% restantes estão inclusas as 500 mil pessoas que trabalham direta ou indiretamente no narcotráfico.
Enquanto Luiz Inácio da Silva e Cabral Filho comemoram o êxito da operação, ninguém se preocupou em explicar detalhes de um quebra-cabeça que não se encaixa.
A primeira incoerência está quantidade de drogas apreendida, pois nem mesmo os traficantes sabiam da existência de 42 toneladas de maconha, cocaína e crack nos dois complexos de favelas. O que se comenta é que para render dividendos extras, políticos principalmente, pacotes de maconha apreendidos em outras incursões policiais foram usados para engrandecer a operação. Deixando de lado tal possibilidade, é preciso que as autoridades esclareçam como tamanha quantidade de droga entrou no País.
Ainda no quesito drogas, inicialmente as autoridades policiais anunciaram a apreensão de 30 quilos de cocaína, mas, horas depois, a quantidade passou para 300 quilos. Quando as drogas seguiram para a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, onde foram incineradas, a quantidade cocaína encontrada na Vila Cruzeiro e no Alemão caiu para 235 quilos. O que mostra que a história tem capítulos muito mal contados.
Em relação às armas apreendidas, muitas delas são de uso exclusivo das Forças Armadas, como as três bazucas encontradas pelos policiais nos últimos dias. Pelo que se sabe, bazuca é um armamento de uso exclusivo do Exército. E alguém do Ministério da Defesa precisa explicar como esse material acabou nas mãos dos traficantes.
O pior ficou por conta da notícia que muitos tentam emplacar a força. De que muitos traficantes conseguiram vencer o cerco policial fugindo por galerias de esgoto e águas pluviais. A forma como parte da imprensa vem noticiando o fato dá a sensação que se trata de missa encomendada para minimizar a fracassada captura dos barões das drogas do Rio de Janeiro. Com a palavra, o incompetente governador Sérgio Cabral Filho.
Enquanto a polícia invadir o morro, a droga e o tráfico não acabarão. Os barões do tráfico estão travestidos de políticos e pessoas influentes. Barão do tráfico não mora no morro: mora à beira-mar, nas "coberturas milionárias" dos sonhos de muitos.
Só acreditarei em mudanças, tanto na violência, quanto na droga, quando eu ver a "alta cúpula" presa. Aí, posso até voltar a sonhar com um País melhor...
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