A culpa não é só da correria do dia a dia: ações dos adultos em momentos que deveriam ser usados para unir a família também podem distanciá-los das crianças e dos adolescentes
Nas relações humanas, quase nada acontece de uma hora para
outra. Vínculos afetivos precisam de tempo e de um conjunto de atitudes
para amadurecer positivamente e também para se deteriorarem. Assim
acontece com o relacionamento entre pais e filhos: por mais que o amor
seja, em teoria, incondicional, pequenos e grandes gestos podem criar um
abismo de distância na família. O problema é quando esse afastamento só
é percebido quando já está grande o suficiente para incomodar uma das
partes.
A maior vilã, alega a maioria dos adultos, é a
correria do dia a dia. “Aliada aos desafios profissionais de homens e
mulheres, ela afasta as pessoas, que passam a se encontrar pouco. É
comum os pais chegarem em casa quando as crianças já estão dormindo, por
exemplo”, diz a psicopedagoga Ana Clara Bretos Lima.
- Brigar com o cônjuge na frente dos filhos: presenciar discussões entristece especialmente os menores. Em suas fantasias, eles são os culpados pelas brigas.
- Levar trabalho para casa todos os dias: as horas em que todos estão juntos são para brincar e conversar. Dedique-se às burocracias apenas no horário comercial .
- Aparelhos eletrônicos nas refeições em família: usados à mesa, alienam os usuários, que ficam hipnotizados pela internet na tela e não conversam.
- Usar o trajeto de casa até a escola só para dar broncas: o tempo que poderia ser usado para criar conexões acaba se tornando um momento temido e traumático.
- Terceirizar a educação dos filhos: avós, babás e escola podem auxiliar, mas não devem ser os responsáveis pela criação dos pequenos. Esse papel cabe aos pais.
- Tentar comprar o amor dos filhos com presentes: dar um brinquedo não compensa a falta de carinho no dia a dia. A criança se sente ‘à venda’ e fica infeliz.
- Mexer no celular do adolescente: no aparelho estão conversas e fotos que, se ele quisesse tornar públicas, colocaria nas redes sociais. É o fim da confiança.
- Bisbilhotar armários e gavetas do adolescente: procurar provas de deslizes demonstra falta de diálogo e, se o filho descobrir, nunca mais confiará nos pais.
- Não participar das brincadeiras infantis por achar que vai atrapalhar: a criança fica frustrada, pois espera que os pais ajudem e se divirtam com elas.
- Não dar espaço para os adolescentes: a partir dos 14 anos, é normal querer ficar só ou com os amigos. Entrar nesse espaço sem que eles solicitem os irrita.
- Distrair a criança com eletrônicos no restaurante: os pais que fazem isso alegam querer mais tranquilidade, mas filhos acabam se sentindo alheios à família.
- Não prestar atenção quando a criança conta algo: ela perceberá e perderá, aos poucos, a vontade de conversar, criando uma barreira de diálogo entre vocês.
- Reprovar todos os namoros dos adolescentes: se está namorando, é porque viu qualidades. A reprovação apenas fará o filho ou a filha namorar escondido.
- Excesso de cobrança por notas sem acompanhar a lição de casa: pais que cobram ‘porque estão pagando’ deixam a criança insegura e se sentindo uma mercadoria.
- Tratar os filhos eternamente como bebês: pode até ser por carinho, mas eles entendem que eram mais queridos quando pequenos, que maiores são ‘sem graça’.