A FIGUEIRA MORREU

SANTA: 23/10/2009: A figueira morreu

Doença é irreversível e especialistas já pensam em alternativas para a Praça Victor Konder, no Centro

Acabou a esperança. A centenária figueira da Praça Victor Konder, no Centro de Blumenau, morreu. A doença que infesta o interior da planta, chamada de cancro, já comprometeu grande parte do lenho e não há mais como curá-la, garantem especialistas. A planta ainda pode definhar por 10 anos, mas a possibilidade mais cotada é removê-la do local o quanto antes para evitar riscos a pedestres e veículos. A decisão encontra resistências, mas parece inevitável diante do quadro irreversível:

– Se depender de mim, não corto – declarou o prefeito João Paulo Kleinübing.

– É difícil desistir, por tudo que a árvore representa para a cidade, mas todos os indícios mostram que ela está condenada. A partir da próxima semana começaremos a pensar em outras possibilidades – acrescentou o superintendente da Faema, Robson Tomasoni.

O doutor em Fitopatologia e professor da Furb Marcelo Diniz Vitorino garante que a planta não tem salvação. A doença que atinge o tronco está em estágio avançado e a figueira, de 151 anos, já está senil, ficando mais vulnerável a outras pragas.

– Existem duas possibilidades. A primeira é manter a árvore, podando os galhos, adiando o corte definitivo, mas deixando-a esteticamente horrível. Ou cortar definitivamente e pensar em outras alternativas para o lugar – sugere.

Vitorino acredita que a árvore tenha sido infectada por um tipo de fungo comum em plantas da região, mas que só entram na árvore caso essa tenha sido ferida de alguma forma, normalmente com podas mal feitas pelo homem. Segundo o professor do Paisagismo da Furb, João Noll, outro fator que diminuiu a vida da figueira foi a falta de permeabilidade do solo ao redor:

– O piso da praça precisa ser feito com blocos de concreto e até os blocos de granito que eram usados para calçar as ruas, desde que permitam que a água chegue até as raízes da planta.

A prefeitura medicou a figueira quarta-feira e espera os efeitos para decidir definitivamente, semana que vem, o que fazer.

WILLIAM DE LUCCA/ESPECIAL
As alternativas
- Praça mais ampla, com canteiros grandes e espécies diferentes de plantas, para dar conforto e sombra para quem vai à praça
- Manter o tronco principal da figueira, mesmo depois de morta, e criar instalações metálicas a partir dele, garantindo sombra
- Usar o tronco da figueira como matéria-prima para artistas da cidade, transformando a planta em uma obra de arte
- Plantar um ipê ou um pau-ferro no lugar da figueira, espécies que se adaptam bem à região, são frondosas e trariam sombra. Ao redor, reurbanizar a praça, com um canteiro central maior, evitando o sufocamento das raízes como ocorreu com a figueira
Fontes: Marcelo Vitorino, doutor em Fitopatologia e professor da Furb, e João Noll, professor do Paisagismo da Furb.

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