Em 1986, aconteceu o maior desastre nuclear da história, que deixou marcas profundas na terra e nas gentes próximas de Chernobyl.
Agora, mais recentemente, o acidente na central nuclear de Fukushima, no Japão, veio reavivar o medo e as memórias de quem 25 anos depois ainda tem muitas marcas.
Apesar dos anos que distam do acidente, sobre a Ucrânia e a Bielorrússia ainda paira o fantasma do nuclear, e são muitas as vítimas que relembram o trágico acidente. «Sofri muito com a radiação. A minha tiróide aumentou de tamanho. Tenho muitos problemas de saúde. O que deixei lá? Tudo. Perdi tudo. O meu dinheiro, a minha vida, a minha saúde. O meu cabelo ficou totalmente branco quando tinha 25 anos. Agora pinto-o uma vez por mês, mas aos 25 ficou branco. O cabelo da minha filha demorou muito tempo a crescer, só apareceu aos 5 anos», desabafa uma das vítimas de Chernobyl.
As marcas de uma promissora central nuclear ainda perduram. A crença na energia limpa ruiu com a mesma velocidade com que ruíram as vidas que dela dependiam. «Ninguém fala do problema, mas ele continua cá. É exactamente o mesmo que há 25 anos por causa dos danos da radiação. Danos esses que perduram nestas novas gerações», diz Valentin Chernyakevich, da associação de crianças de Chernobyl.
Depois do sismo e do tsunami que abalaram o Japão e provocaram explosões sucessivas na central nuclear de Fukishima, os japoneses já não acreditam nessa energia limpa, que de um momento para o outro pode deixar um país num estado deplorável, longe da realidade anterior.
A realizadora japonesa Mayuko Sadasue diz «as pessoas da minha geração foram abençoadas, porque apesar de saberem que a energia nuclear é perigosa, nunca sofreram por causa dela». «A minha geração ignorou esses perigos e agora sente que tem de fazer algo pelo futuro».
Se no Japão se olha agora o futuro com preocupação, na Ucrânia o presente tem ainda marcas de um passado muito próximo, sobretudo para quem trabalhava no reactor 4. Exemplo disso é Ivanovic Dmitry Bluvok, funcionário da central de Chernonyl que recorda o acidente: «O desastre nuclear deixou-me marcas profundas. Nunca na minha vida vou esquecer. Naquela noite não estava a trabalhar, estava em casa. A minha tia veio a minha casa contar-me que algo de mal se passava no reactor. Pensei que fosse apenas um simples acidente, ninguém tinha ideia do que era uma fuga nuclear.»
O acidente nuclear tirou a vida a 31 pessoas. Esse foi o balanço inicial e oficial das autoridades. Mas a verdade é que muitas mais viriam a morrer por causa da fuga nuclear. E ainda hoje milhares de pessoas sofrem os danos.
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