Teoria quântica da mente ganha sustentação experimental

Novas pesquisas estão dando embasamento a uma teoria sobre a consciência que ainda permanecia controversa no meio científico.

Os novos dados experimentais mostram que a consciência deriva de um nível mais profundo, de atividades em menor escala do que os neurônios.

Na verdade, essas atividades ocorrem dentro dos próprios neurônios, mas não nos processos celulares normais ou nas conexões entre os neurônios, e sim em uma interação molecular onde as leis da física que operam são aquelas estabelecidas pela mecânica quântica.

Os resultados, que alguns especialistas classificaram de "históricos", foram publicados na revista científica Physics of Life Reviews.


Teoria quântica da consciência

Hoje é possível pode encontrar dezenas de livros que sustentam "teorias quânticas da mente", mas, no meio científico acadêmico, essa teoria permanece controversa.

A teoria é chamada Orch-OR, uma sigla para "orchestrated objective reduction", ou redução objetiva orquestrada.

Quem está se incumbindo de defender essa nova teoria da mente é ninguém menos do que Stuart Hameroff e Roger Penrose, este um dos mais renomados físicos da atualidade - os dois são os mesmos que lançaram a controversa teoria quântica da consciência, há mais de 20 anos.

Eles defendem que as "computações vibracionais quânticas" nos microtúbulos são "orquestradas" ("Orch") por entradas sinápticas e memórias armazenadas nos microtúbulos, e terminadas por "redução objetiva" ("OR").

A recente descoberta de vibrações quânticas em microtúbulos dentro dos neurônios do cérebro dá sustentação a esta teoria, de acordo com Hameroff e Penrose - microtúbulos são os principais componentes do esqueleto estrutural das células.

Para Hameroff e Penrose, a consciência surge de alguma coisa além das computações, alguma coisa que a ciência ainda não descobriu, eventualmente porque não admite a possibilidade de sua existência.

Os dois pesquisadores sugerem que os ritmos das ondas cerebrais normalmente gravados por exames de eletroencefalografia também derivam de vibrações dos microtúbulos de nível mais profundo, e que, de um ponto de vista prático, tratar as vibrações dos microtúbulos no cérebro poderia beneficiar pacientes com uma série de doenças mentais, neurológicas e cognitivas.


Mecânica quântica quente

A teoria "Orch-OR" foi muito criticada desde o seu lançamento com base no argumento de que o cérebro seria "quente, molhado, e barulhento" demais para sustentar processos quânticos aparentemente delicados.

No entanto, experimentos já comprovaram a coerência quântica "quente" na fotossíntese das plantas, no sistema de navegação no cérebro dos pássaros, no olfato humano e, mais recentemente, nos microtúbulos cerebrais.

A descoberta das vibrações quânticas de elevada temperatura nos microtúbulos dentro dos neurônios cerebrais foi feita pelo grupo do Dr. Anirban Bandyopadhyay, no Instituto Nacional de Ciências dos Materiais em Tsukuba (Japão).

Pesquisas da equipe do Dr. Roderick Eckenhoff, na Universidade da Pensilvânia, por sua vez, sugerem que a anestesia, que apaga seletivamente a consciência, mas mantém o funcionamento de atividades cerebrais não-conscientes, atua via microtúbulos nos neurônios do cérebro.

De resto, nenhum físico sustenta que a mecânica quântica só valha para sistemas inorgânicos, inertes e frios.


Origem da consciência

"A origem da consciência reflete o nosso lugar no universo, a natureza da nossa existência. Será que a consciência evoluiu de cálculos complexos entre os neurônios do cérebro, como a maioria dos cientistas afirma? Ou será que a consciência, em certo sentido, tem estado aqui o tempo todo, como as abordagens espirituais defendem?" questionam Hameroff e Penrose em seu atual artigo, que revisa todas as pesquisas recentes na área.

"Isso abre uma potencial Caixa de Pandora, mas a nossa teoria acomoda os dois pontos de vista, sugerindo que a consciência deriva das vibrações quânticas nos microtúbulos, proteínas poliméricas dentro dos neurônios do cérebro, que tanto governam as funções neuronal e sináptica, como conectam os processos cerebrais aos processos auto-organizados em escala mais fina, uma estrutura quântica 'proto-consciente' da realidade," concluem eles.

Fonte: Science Review

Novas regras para rotulagem de alimentos já estão valendo

Você sabe o que é um alimento light? 
E o que significa um produto “rico em”? 
E com “alto teor de”? 

Ajudar o consumidor a entender essas e outras alegações, bem como auxiliar no consumo mais adequado às necessidades nutricionais é o objetivo da RDC 54/2012 da Anvisa. Desde 1º de janeiro de 2014, os rótulos de todos os alimentos produzidos no Brasil devem estar adequados à Resolução, que alterou a forma de uso de termos como light, baixo, rico, fonte, não contém, entre outros.

Os alimentos que trouxerem na rotulagem a alegação light, por exemplo, devem ser reduzidos em algum nutriente. Ou seja, o termo só poderá ser empregado se o produto apresentar redução nutricional em comparação com a versão convencional.

A norma estabelece, ainda, critérios para o uso das alegações de fonte e alto teor de proteínas, que receberam a exigência de comprovação adicional de critério mínimo de qualidade. “Essa determinação tem por objetivo proteger o consumidor de informações e de práticas enganosas”, afirma a Gerente de Produtos Especiais da Anvisa, Antônia Aquino.

A regulamentação também criou oito novas alegações nutricionais Para isso, foram desenvolvidos critérios para alimentos isentos de gorduras trans, ricos em ômega 3, ômega 6 e ômega 9, além dos sem adição de sal.

De acordo com Antônia, essas alegações foram estabelecidas com o intuito de estimular a reformulação e desenvolvimento de produtos industrializados mais adequados do ponto de vista nutricional.

A RDC exige, também, o uso de esclarecimentos e advertências relacionados ao uso de uma alegação nutricional de forma visível e legível nas embalagens, com o mesmo tipo de letra da alegação nutricional. Devem ter cor contrastante com o fundo e, pelo menos, metade do tamanho da alegação nutricional.

Ainda segundo a Gerente, a nova regulamentação adequou as normas brasileiras às regras do Mercosul. “A medida incorpora à legislação nacional a norma de Informação Nutricional Complementar acordada no âmbito do Mercosul, o que deve facilitar a circulação dos alimentos entre os países integrantes do bloco”, revela.

Fonte: ANVISA

Tomar sol diminui pressão arterial e reduz risco cardíaco


Há algum tempo, médicos e cientistas vêm alertando para o que parece ser uma radicalização na propaganda e no uso dos filtros solares.

Esse exagero no uso de filtros solares está causando deficiência de vitamina D na população, um problema que parece ser particularmente grave entre os jovens brasileiros.

Já se sabia que a vitamina D protege contra câncer, diabetes e artrite, além de ativar o sistema imunológico.

Agora se comprovou que a exposição da pele à luz solar, mesmo quando não atua diretamente na sintetização da vitamina D, ajuda a reduzir a pressão arterial e o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.

Sol, óxido nítrico e coração

Pesquisadores das universidades de Southampton e Edimburgo (Reino Unido) descobriram que a luz solar altera os níveis de uma pequena molécula mensageira, o óxido nítrico (NO), na pele e no sangue, reduzindo a pressão arterial.

É bem documentado que a pressão arterial e as doenças cardiovasculares variam de acordo com a época do ano e a latitude, com níveis mais elevados observados no inverno e em países mais distantes do equador, onde a radiação ultravioleta do sol é menor.

"O óxido nítrico, junto com os produtos dele derivados, que são abundantes na pele, está envolvido na regulação da pressão arterial. Quando expostas à luz solar, pequenas quantidades de óxido nítrico são transferidas da pele para a circulação, diminuindo o tônus dos vasos sanguíneos. Assim a pressão arterial cai, o mesmo acontecendo com o risco de ataque cardíaco e derrame," afirmam os doutores Martin Feelisch e Richard Weller no estudo publicado noJournal of Investigative Dermatology.

Embora evitar o exagero da exposição ao sol seja importante para prevenir o câncer de pele - o que é válido sobretudo para pessoas de pele muito clara e com histórico de câncer de pele na família -, os autores deste estudo sugerem que minimizar a exposição à luz do sol também pode ser algo negativo, aumentando o risco de condições relacionadas com as doenças cardiovasculares.

As doenças cardiovasculares, frequentemente associadas com a hipertensão arterial, são responsáveis por 30% das mortes em todo o mundo.

Raios UVA

Propagandas de filtros solares à parte, as conclusões do estudo científico mostram que a exposição aos raios ultravioleta A (UVA) dilata os vasos sanguíneos, reduz significativamente a pressão arterial e altera os níveis de óxido nítrico na circulação sanguínea, sem alterar os níveis de vitamina D.

Os experimentos indicaram que estoques de óxido nítrico nas camadas superiores da pele estão envolvidos na mediação de todos esses efeitos.

"Estes resultados são significativos para a discussão acerca dos potenciais benefícios à saúde da luz do sol e do papel da vitamina D neste processo. Pode ser um momento oportuno para reavaliar os riscos e os benefícios da luz solar para a saúde humana e reconsiderar as atuais recomendações de saúde pública," disse o professor Feelisch.

"Evitar o excesso de exposição à luz solar é fundamental para prevenir o câncer de pele, mas não ser exposto a ele de forma nenhuma, por medo ou como resultado de um certo estilo de vida, pode aumentar o risco de doença cardiovascular. E, com exceção da saúde óssea, os efeitos da suplementação oral de vitamina D têm sido decepcionantes," conclui ele.

350 milhões de pessoas têm depressão no mundo, e a maioria delas nem sabe disso. Como lidar com a tristeza?

Nunca tanta gente teve depressão no mundo. São 350 milhões de pessoas nessa condição - boa parte nem sabe disso. O que está acontecendo conosco? O que devemos fazer a respeito?


A morte era iminente. E lenta. A notícia sobre a doença terminal do marido afogou Estela na maior dor possível. Ela não sabia como agir. Cuidou dele todos os dias, por cinco anos. Mas era mais do que podia suportar. Sentia raiva do mundo. Ninguém poderia entender de verdade - a dor era dela. Ainda assim, queria a ajuda dos amigos, mas sem ter de pedir, sentia-se invadida. Se tentassem ajudar, ficava brava. Se não tentavam, pior ainda. Aos poucos se afastou de todos, isolando-se na própria e devastadora dor. A vida não tinha mais graça. E não era um momento passageiro. Tudo era chato, sem cor, sem prazer. Os tempos de alegria haviam sido uma ilusão tola, pensava. Estela sabia que nunca mais encontraria esse falso prazer. Depois piorou. Quando o marido morreu, ela se sentiu aliviada. E esse alívio a destroçou com uma sensação de culpa do tamanho do mundo. Queria morrer junto. A depressão se fincou nela.

Estela, que prefere usar um nome fictício, é uma entre as 350 milhões de pessoas com depressão no mundo. Um número que só aumenta e que virou um problema de nossa era: só nos Estados Unidos, o consumo de antidepressivos aumentou 400% em 20 anos. Mas, historicamente, depressão é um conceito que surgiu outro dia. Por séculos, ela era uma doença misteriosa chamada apenas de melancolia. "Perdi toda a alegria e descuidei-me dos meus exercícios habituais", disse Hamlet logo após o assassinato do pai. Se vivesse hoje, o personagem de Shakespeare certamente entraria na mira dos médicos. Ele seria enquadrado no DSM-V, a bíblia da psiquiatria, que identifica e diagnostica os transtornos mentais. Hamlet, sob os olhos da medicina contemporânea, teve depressão.

Dos tempos de Shakespeare para cá, muita coisa mudou. Tristeza não é doença. Depressão é, com sintomas reconhecidos, padronizados e tratamentos específicos. E uma indústria que desenvolveu remédios para combater esse mal que deve crescer ainda mais. A Organização Mundial da Saúde aposta que em 2030 a depressão já será a doença mais comum do mundo, à frente de problemas cardíacos e câncer. Vivemos uma espécie de epidemia de mal-estar: há mais pessoas deprimidas do que nunca. Ironicamente, justo em uma época em que a busca pela felicidade é algo quase obrigatório. Você conhece alguém que não queira ser feliz? Soa bizarro e anacrônico. Nosso estilo de vida gera angústia e tristeza - que podem levar à depressão. É grave, ficamos vulneráveis a ela, com o risco maior de cair no abismo: passar a barreira dos sintomas leves e entrar numa depressão profunda. É como se a vida fosse uma calçada esburacada - nem todo mundo que tropeça cai e se arrebenta. Dá para controlar a queda, se segurar etc. Mas quem desaba no chão corre o risco de não se levantar mais: 15% das pessoas com depressão grave cometem suicídio.

O medo da depressão e a busca incessante por felicidade fizeram muita gente fugir da tristeza como se ela fosse uma peste dos nossos tempos. Quem quer ter isso? Quem quer ficar perto de alguém que tem? Isso impulsionou o desenvolvimento de remédios com efeitos colaterais cada vez menos nocivos. Mas também levou a uma certa banalização. "Eu tenho a impressão de que todo mal-estar virou depressão", diz Mário Corso, psicanalista e autor do livro A Psicanálise na Terra do Nunca. "É uma coisa da nossa época. Depressão é a palavra que serve para tudo, as pessoas não sabem o que têm e dizem que estão deprimidas", explica. Tanya Luhrmann, antropóloga especializada em psicologia da Universidade Stanford, nos EUA, acha que há um clima de exagero. "Estou certa de que nós damos muito remédio às pessoas e que tristeza comum é tratada com medicação", diz. Saber a diferença entre tristeza e depressão é essencial. "A tristeza tem motivos, a depressão não tem motivo nenhum", explica Corso. Na tristeza, choramos pela morte de alguém. Ficamos tristes, mas a dor passa, por mais que a saudade não. Na depressão, a dor não passa. A pessoa não sente mais prazer em nada. E foi nessa zona cinzenta de desinformação que nasceu a farra das farmácias. A busca por um comprimido mágico que promete milagres, transformando dor em felicidade, levou muita gente a desaprender a lidar com a tristeza.

Ranking da felicidade
Índice baseado em critérios como saúde, segurança, educação e oportunidades

Os mais felizes
1. Noruega
2. Dinamarca
3. Suécia
4. Austrália
5. Nova Zelândia
6. Canadá
7. Finlândia
8. Holanda
9. Suíça
10. Irlanda

Os mais tristes
1. República Centro-Africana
2. Congo
3. Afeganistão
4. Chade
5. Haiti
6. Burundi
7. Togo
8. Zimbábue
9. Iêmen
10. Etiópia

No meio do caminho: Brasil, em 44º lugar entre 142 países.

Fontes Kantar Health (Reino Unido); Legatum Institute, 2012 (Reino Unido); Organização Mundial da Saúde (OMS); Universidade de Warwick (Reino Unido).



A INDÚSTRIA DA DEPRESSÃO
Sigmund Freud conhecia um remédio legal para curar depressão. Chamava-se cocaína. Usuário e entusiasta da droga, ele a receitava para pacientes que sofriam de tristeza recorrente e sem explicação. Antes disso, os estimulantes mais receitados eram morfina e heroína - até descobrirem que ambas viciavam e tinham efeitos colaterais perigosos. Mas aí, veja só, viram que cocaína também era um problema. Em 1914, os EUA foram o primeiro país a proibi-la. Só na década de 1950 surgiu um substituto eficaz contra esse vazio da alma. Como na origem de tantos outros remédios, miraram aqui e acertaram ali. O Marsilid surgiu como uma tentativa de encontrar a cura para a tuberculose, mas quem o tomava ficava um tanto alegre. Ninguém sabia explicar por quê. Até que em 1965 o psiquiatra americano Joseph J. Schildkraut elaborou a primeira teoria para explicar os efeitos do remédio e, de quebra, as causas da depressão. Ele dizia que a tristeza é um descompasso bioquímico no cérebro ligado à serotonina, dopamina e noradrenalina, os neurotransmissores que regulam o humor e as sensações de prazer e recompensa. Se os níveis dessas substâncias estivessem baixos, era indício de depressão. Bastaria então tomar algo que aumentasse a taxa, e tudo ficaria lindo. E o princípio ativo do Marsilid era a iproniazida, que eleva, justamente, o nível de serotonina.

Foi uma mina de ouro para a indústria farmacêutica. Tratar doenças mentais deixou de ser coisa só de gente extremamente doente, à beira do hospício. O marketing dos laboratórios passou a mirar também em mães estressadas, trabalhadores cansados e qualquer cidadão propenso a uma fase deprê na vida. Desde a década de 1960, surgiram vários remédios que traziam bem-estar, sempre com ação direta na química cerebral. Mas as vendas nunca decolavam, porque os efeitos colaterais eram muito fortes, como inquietação, insônia e dificuldade em urinar.

Só em 1988 surgiu um medicamento que não só mudou de vez as cifras da indústria como conseguiu extravasar o universo das gôndolas das farmácias e virar um ícone cultural: o Prozac. Com efeitos colaterais bem menores, a "pílula da felicidade", como foi chamada na época, entrou para a lista dos medicamentos mais vendidos no mundo. Desde então, surgiram cerca de 30 remédios destinados a combater a depressão. Mas nenhum deles ficou famoso como o Prozac, que, segundo a fabricante Eli Lilly, foi vendido a 90 milhões de usuários nesses 25 anos, enchendo os cofres da empresa. Em 2000, um ano antes de a patente expirar, ela faturou mais de US$ 2 bilhões com o remédio, cerca de 50% a mais que a Pfizer ganhou no mesmo ano com o Viagra.

Dos anos 90 para cá, o antidepressivo ficou comum. Para toda tristeza ou desânimo, ele passou a ser considerado um tratamento em potencial. Mas o Prozac não teria sido um megahit da década tão grande quanto Carla Perez ou Jurassic Park se não houvesse quem o receitasse.

Tudo que era tipo de médico passou a indicar antidepressivos. Tristeza aqui, melancolia acolá, tome remédio goela abaixo que melhora. Só que, como era de se esperar, nem sempre os diagnósticos batiam com o problema. Foi o que aconteceu com o professor aposentado Antônio Alves. Aos 45 anos, ele se sentia desanimado, sem vontade de fazer tarefas diárias. Procurou um psiquiatra que logo o diagnosticou com depressão e indicou um remédio. O tratamento surtiu efeito no início, mas depois perdeu a força. Desanimado, Antônio buscou uma segunda opinião. Ao se consultar com um clínico geral, descobriu que seu problema era outro: a andropausa havia chegado mais cedo. A contragosto do psiquiatra, Antônio abandonou os antidepressivos e passou a tomar repositores de hormônios. Não teve mais crise.

Além do fato de antidepressivos nem sempre surtirem efeito, agora a própria teoria que explica seu funcionamento está sendo questionada. Cinquenta anos depois, a teoria dos baixos níveis de serotonina não é mais tão forte. Alguns desses remédios, em vez de elevar a concentração da substância, abaixam ainda mais. Para complicar, nem todo cérebro deprimido tem pouca serotonina. Mesmo assim, ainda se acredita que a depressão é, sim, um desequilíbrio químico. O problema é que não se sabe ao certo quais são os neurotransmissores envolvidos.

Ou seja, não que fosse má-fé da classe médica receitar antidepressivo a torto e a direito. É que depressão é uma doença conhecida há pouco tempo e ainda muito misteriosa. Ela não é como o câncer, em que um exame de imagem mostra a regressão ou o aumento de um tumor, e uma biópsia revela o estágio e o grau da doença. Não há resultados impressos para mostrar se o tratamento teve resultado.

Existe a suspeita ainda que a culpa do caos químico no cérebro seja do estresse. Em resposta à tensão do ambiente externo, o corpo produz mais cortisol e outros hormônios do estresse. O excesso pode alterar a bioquímica cerebral e causar depressão. Se o problema for mesmo esse, então a infelicidade crônica pode ser uma resposta ao nosso estilo de vida. Estamos mais tristes, também, por causa da nossa sociedade.

Principais tipos de anti-depressivos

Tricíclicos
O que fazem - aumentam os níveis de serotonina e noradrenalina.
Efeitos colaterais - sedação, boca e olhos secos, prisão de ventre, ganho de peso, sonolência.
Exemplos - Tryptan (amitriptilina), Anafranil (clomipramina), Sinequan (doxepina).

Inibidores da monoamina oxidase
O que fazem - Anulam a monoamina oxidase, que destrói a serotonina, dopamina e norepinefrina.
Efeitos colaterais - ganho de peso, inquietação, disfunção sexual e insônia.
Exemplos - Marsilid (iproniazida), Nardil (fenelzina), Eldepryl (selegilina).

Inibidores seletivos de recaptação da serotonina
O que fazem - aumentam os níveis de serotonina.
Efeitos colaterais - náusea, insônia e disfunção sexual.
Exemplos - Prozac (fluoxetina), Pondera (paroxetina), Zoloft (sertralina).

Atípicos
O que fazem - atuam, de maneiras diferentes, na serotonina, norepinefrina e dopamina.
Efeitos colaterais - cada um é um caso. Podem suscitar convulsão, confusão, disritmia cardíaca, náusea, ansiedade, disfunção sexual e alergia.
Exemplos - Efexor (venlafaxina), Zetron (bupropiona), Cymbalta (duloxetina) e outros.

Fontes Anvisa; IMS Health / Estado de Minas.

DOR NA ALMA
Os evolucionistas acreditam que a depressão é uma característica do nosso cérebro, provocada por algo que nos ajudou a sobreviver: somos um bicho sociável. Esse instinto de socialização e cooperação facilitou a vida dos nossos ancestrais - conseguir comida em grupo era bem mais fácil. Mas ele abriu a porteira para a depressão, porque nosso humor sempre foi influenciado por esse convívio em sociedade. Quando o cérebro se desenvolveu, 200 mil anos atrás, ninguém precisava tomar grandes decisões. Ele foi adaptado para lidar com comunidades pequenas, de até 70 membros. A pessoa não precisava se encontrar na vida, ela já nascia inserida em um contexto mais bem definido. Suas opções eram poucas, determinadas por etnia, grupo social, família etc. Não havia tantas opções e decisões. E aí, quanto mais complexa a vida ficou, maior a propensão à depressão. Hoje, são zilhões de escolhas, é difícil ter certeza sobre qual será a melhor - e qual tomamos só para ser aceitos nessa vida em sociedade. Qual o melhor emprego, a melhor namorada, a melhor cidade para se viver. O cérebro às vezes parece incapaz de lidar bem com isso. Não é à toa que muitos depressivos se queixam de ter surtado por só atender às vontades alheias, em vez de seguir os próprios desejos.

Em comunidades mais simples, os índices de depressão são menores. Um exemplo são os kaluli, etnia da Papua-Nova Guiné que vive da caça, pesca e agricultura de subsistência. O antropólogo Edward Schieffelin, da Universidade College de Londres, entrevistou 2 mil kaluli em dez anos de pesquisa. Só uma pessoa apresentou sinais de depressão - uma taxa 20 vezes menor que a do Brasil. Schieffelin acredita que a explicação esteja no estilo de vida. Os kaluli usam muito o corpo, se alimentam de comidas naturais e se expõem mais ao Sol. A verdade é que todos precisamos de ar livre. A luz solar aumenta a produção de hormônios que deixam você mais disposto, mais animado. "Existe uma relação já comprovada entre a falta de sol e a depressão. Não é à toa que nos países do norte europeu o índice de depressão é maior que aqui", explica Raphael Boechat, psiquiatra e professor da Universidade de Brasília. Ao mesmo tempo em que estão entre os países mais felizes do mundo, graças à excelente qualidade de vida, os países escandinavos têm altos índices de depressão.

A psicanálise leva a questão um pouco mais longe. No livro O Tempo e o Cão, a psicanalista Maria Rita Kehl culpa nossa sociedade consumista pelo vazio da alma. A máxima do nosso tempo é vencer. E vencer significa ser feliz. No meio do caminho, escolha uma profissão, tenha amigos, compre um carro, financie uma casa, case, viaje, vá ao shopping, torça para um time, compre, use, abuse, jogue, desfile, passeie, julgue, brilhe, dance, transe, descanse. A publicidade teria transformado a felicidade em uma sucessão de frases imperativas que nos faz consumir. Só que isso não preenche nada. E o vazio continua aqui dentro. O depressivo, descreve Kehl, não consegue ver graça em nada disso, em nenhuma dessas conquistas. "A vida tinha um filtro cinza", diz a publicitária Rachel Juraschi, descrevendo o que sente um depressivo. "Não era só tristeza, era preguiça de viver". Ela suspeita que desde a adolescência, "uma época sem boas lembranças", sofria de depressão. Mas foi só aos 28 anos, com o casamento e o trabalho em crise, que a doença atacou para valer. "Nem banho eu tomava mais", lembra. Deveria se divertir, se informar, socializar, conforme manda o protocolo. Mas, assim como em outros depressivos, nada disso fazia sentido. A pessoa não se diverte - e se culpa por isso. Aí procura tratamento. "Junto com a medicação, o que se vende é a esperança de que o depressivo possa rapidamente normalizar sua conduta sem ter de se indagar sobre seu desejo", escreve Kehl. É como se buscasse uma pílula para se ajustar à vida. Um desejo de ser normal.

O uso de antidepressivos pode ter se tornado algo banal e muitas vezes irresponsável. Mas sua popularização derrubou parte do medo de tratar a depressão. Ficou mais fácil sair do armário e aceitar isso como uma doença real. "Quando vi que tinha amigos da mesma idade tomando, perdi o preconceito", diz Rachel. Os remédios deram aos depressivos uma dose de esperança. E essa esperança ajuda tanto que pessoas que tomam só água com açúcar achando que é antidepressivo relatam melhora de humor. O psiquiatra americano Irving Kirsch analisou 38 testes clínicos com 3 mil participantes que, separados em grupos, lidaram com a depressão de quatro formas distintas: antidepressivos, remédio placebo, psicoterapia e nenhum de tratamento. Ele constatou que, enquanto em média 75% dos sintomas de quem tomou remédio melhoraram, 50% dos efeitos nos que só tomaram pílulas de açúcar foram reduzidos. Ou seja, só 25% da melhora seria mérito do remédio. Ainda assim, a função dos remédios não pode ser ignorada: quando a tristeza foge do controle, qualquer esperança serve como alento. O estilista Zanco Junior considera os antidepressivos essenciais em sua vida. Ele toma há 13 de seus 30 anos, desde que teve uma crise de pânico em um shopping de Presidente Prudente, São Paulo, onde morava. Zanco já tentou largar os remédios, mas sentiu falta. Dormia mal, tinha indisposição. "Vivo bem com eles, me ajudam a tocar minhas coisas", diz. E, se tentou parar de tomar, é porque não quer passar o resto da vida sob medicação. "Um dia quero deixar de tomar. Se ficar bem". Não é fácil.

Afinal, outras questões da vida moderna também deixam o corpo mais cansado. A enxurrada de informação com que lidamos todo dia não deixa o cérebro descansar, o que aumenta as chances de pane. Viver em um ambiente desgastante, com mais tempo dedicado a trabalho que a lazer é um atalho para a depressão. Para piorar, essas mudanças são acompanhadas cada vez mais pela solidão. Segundo o IBGE, mais de 12% das casas brasileiras só tem um morador - há dez anos, era menos de 9%. O número de solteiros também aumentou: 48% (ou 72 milhões) dos brasileiros acima de 15 anos, uma alta de quase 16% em dois anos. Se somarmos a divorciadas e viúvos, a parcela da população fora de um relacionamento sério chega a 60%. É muita gente. E os picos de depressão estão nesses grupos mais solitários: solteiros, divorciados e viúvos. Em uma realidade tão propensa à depressão, é preciso, antes de tudo, saber lidar com a tristeza.

O LADO BOM DA TRISTEZA
Vamos deixar claro uma coisa: nem toda tristeza é ruim. Muitas fazem parte desse jogo em que você entra no momento em que nasce. Ficar sem presente no Natal, sofrer pelo galã da escola, ser reprovado no vestibular, perder um emprego, levar um pé na bunda, brigar com um amigo, encarar a morte de alguém e tantas outras mais fazem parte da vida. Todo mundo lida com elas, em maior e menor escala. "Se existe um lado bom é que a tristeza nos torna um pouco mais sábios do que no momento da euforia, quando a gente fica meio abobado. É uma boa hora para fazer um balanço", diz o psicanalista Mário Corso. A crise nos obriga a sair da zona de conforto e abre o caminho para avaliarmos a vida por novos ângulos e tomar rumos diferentes.

O problema é quando você não consegue superar a crise. Sem saber como reagir à dor, mergulha numa tristeza que paralisa. É o caso de Estela. Durante a doença do marido, ela já havia começado a fazer tratamento psicológico e psiquiátrico e participava de reuniões no grupo de apoio mútuo Neuróticos Anônimos. Ia às reuniões só para vomitar a dor que sentia e sair aliviada. Mas o efeito não durava muito, e a vida continuava um saco. Sentia dor mesmo quando algo bom acontecia. Até que um dia ela decidiu não apenas falar, mas também prestar atenção aos desabafos dos outros. Só aí percebeu que eles também tinham problemas e que ela não estava sozinha. Sentiu carinho por elas. Recuperou o amor próprio e pelos outros, que a depressão havia levado embora. Deixou de se preocupar com o pensamento e julgamento alheios e passou a se aceitar e a valorizar suas vontades. "Tenho percebido que sanidade é quando você consegue admitir o seu lado B, os seus defeitos", conta. Ela frequenta as reuniões até hoje. Mas teve alta dos remédios.

Para conseguir isso, ela aprendeu a lidar com a situação e, principalmente, a reconhecer os próprios limites. O primeiro passo para se levantar do chão, ainda machucada, foi reconhecer o próprio descontrole emocional. Ela simplesmente deixava a raiva, o medo, a tristeza e outras emoções decidirem seu rumo. Explodia. Mas isso só dificulta as coisas. Parou de sentir pena de si, abandonou o papel de vítima. Nada poderia reverter seu trauma - mas a maneira de lidar com isso poderia ser uma decisão dela. Voltou a ser protagonista da própria vida. Hoje, Estela aprendeu a lidar com os dias ruins. "Eu respeito muito a depressão. Tenho tanto medo dela quanto tenho do mar. Mas eu não deixo de entrar no mar, e também não deixo mais de viver", diz.

Grupos de apoio são uma boa saída para aprender a encarar o lado amargo da vida - mesmo que você não esteja numa depressão profunda. "Tem gente que entra aqui porque perdeu a namorada e não consegue ficar feliz. Mas depois passa, fica bem, encontra outra pessoa e nunca mais volta", conta Estela. Essas terapias em grupo funcionam tão bem quanto sessões com psicólogos que seguem a linha cognitiva-comportamental, que tenta ajudar o paciente a ver as coisas de outra forma, ou interpessoal, que foca nos problemas do presente. Essas duas são as formas de psicoterapia com os melhores resultados no tratamento da depressão. Ou seja, não dá para apostar todas as fichas nos remédios. Eles podem resolver o lado bioquímico, mas o modo de lidar com os problemas ainda é contigo.

Andrew Solomon, autor de O Demônio do Meio-Dia, um livro autobiográfico sobre depressão, diz que tudo pode funcionar, até tomar remédio de ponta cabeça. Basta acreditar nos efeitos positivos. E foi por isso que ele encarou diversas terapias alternativas, desde tomar chá de uma planta chamada erva-de-são-joão, hipnose, homeopatia até participar de um ritual religioso em uma tribo africana. Alguns melhoraram o ânimo do escritor, outros nem tanto.

Além de Solomon, outras pessoas estão procurando alternativas para tratar a depressão. No Brasil, um grupo de pesquisadores viu na ayahuasca uma oportunidade. O chá à base de plantas amazônicas usadas em rituais religiosos, que dá um efeito de bem-estar e tranquilidade, tem princípios ativos que agem direto no cérebro e pode render no futuro novas linhas de antidepressivos. "Os efeitos terapêuticos observados com a ayahuasca são praticamente imediatos, enquanto que as medicações disponíveis demoram duas semanas no mínimo", explica Jaime Hallak, professor de medicina da USP Ribeirão Preto e coordenador da pesquisa. Outra promessa farmacêutica é a cetamina, usada como anestésico desde os anos 60. Os 120 pacientes do psiquiatra americano Carlos Zarate que tomaram a droga tiveram melhoras rápidas e significativas. Em vez de alterar os níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina, a substância regula a concentração de outro neurotransmissor, o glutamato - isso, por si só, já é inovador: seria o primeiro antidepressivo, desde o Marsilid, a não interferir na taxa dos dos três neurotransmissores de sempre. Além disso, há novas tecnologias que apresentam outras duas possibilidades: estimulação magnética transcraniana, ondas eletromagnéticas que estimulam partes do cérebro - algo como o filho prodígio do eletrochoque - e o neurofeedback, em que o paciente faz atividades para treinar o cérebro, e sensores mostram em tempo real os efeitos que restauram o equilíbrio do órgão.

Mas não importam as técnicas, terapias ou remédios que você use, os perrengues da vida vão voltar. Triste? Lembre-se: é assim com todo mundo (e muito mas mais intenso com os depressivos). Tentar encarar as adversidades ainda é essencial para sair mais forte de cada crise. "Eu detestava estar deprimido, mas foi também na depressão que aprendi os limites do meu próprio terreno, a plena extensão da minha alma", escreveu Andrew Solomon. "A experiência da dor, que é especial em sua intensidade, é um dos sinais mais seguros da força da vida". Conhecer seus próprios limites e não ultrapassá-los torna a vida mais leve - você passa a viver no seu tempo, sem forçar a barra. É encontrar uma rotina que se encaixe em você. E não o contrário.


PARA SABER MAIS
O Demônio do Meio-Dia
Andrew Solomon, Objetiva, 2010.

O Tempo e o Cão
Maria Rita Kehl, Editorial Boitempo, 2009.

The Emperor's New Drugs
Irving Kirsch, Basic Books, 2010.

Fonte: Revista Superinteressante

O ano de 2014 promete surpreender a Terra com espetáculos celestes. Confira o calendário!

O destaque é o eclipse total da Lua que poderá ser visto em todo Brasil no mês de abril


Segundo o astrofísico da UFSCar Gustavo Rojas, que apresenta a série "Céu da Semana" da Univesp TV, em São Paulo, o destaque é o eclipse total da Lua que poderá ser visto em todo Brasil no mês de abril. Confira o calendário com os principais fenômenos astronômicos observáveis do ano, feito pela revista Superinteressante. Agende-se e observe!


1. Eclipses Solares
Os eclipses ocorrem quando Sol, Terra e Lua se alinham. Quando a Lua fica entre os dois corpos, temos o eclipse solar. Como o plano da órbita da Lua está inclinado 5,2° em relação ao plano da órbita da Terra, os eclipses não ocorrem em toda Lua Nova, mas apenas naquelas que passam pelo ponto de cruzamento entre as duas órbitas.

Uma parte da superfície da Terra é encoberta pela sombra projetada pela Lua e os observadores dessa área veem nosso satélite bloqueando totalmente ou parcialmente a luz do Sol.

Um tipo especial de eclipse é o anular, quando o diâmetro aparente da Lua não é suficiente para cobrir o disco solar e deixa um "anel" visível. Infelizmente, os eclipses solares não podem ser vistos pelo mundo todo e o Brasil não testemunhará nenhum em 2014. 

29 de abril: Eclipse solar anular
De onde poderá ser visto: De parte da Antártida e da Austrália.

23 de outubro: Eclipse solar parcial (apenas uma parte do Sol é escondida pela Lua)
De onde poderá ser visto: Ao norte do Oceano Pacífico e da América do Norte.


2. Eclipses lunares
Quando é a Terra que fica entre o Sol e Lua, ocorrem os eclipses lunares. Novamente, como o plano da órbita da Lua está inclinado 5,2° em relação ao plano da órbita da Terra, os eclipses não ocorrem em toda Lua Cheia, mas apenas naquelas que passam pelo ponto de cruzamento entre as duas órbitas.

A Terra projeta uma sombra na Lua, que pode ficar com uma coloração avermelhada, na área da penumbra, ou mais escura e cinza, quando a Lua entra na umbra. O fenômeno pode ser observado a olho nu, desde que seja noite durante o eclipse, que dura em média, e a Lua esteja acima do horizonte.

15 de abril: Eclipse lunar total (quando a Lua entra totalmente na sombra da Terra)
De onde poderá ser visto: do leste da Ásia, leste da Austrália, Oceano Pacífico, América do Norte, América do Sul e Oceano Atlântico. A partir das 2h58, como a Lua estará bem acima do horizonte, poderá ser visto de todo o Brasil!

8 de outubro: Eclipse lunar total
De onde poderá ser visto: Do leste da Ásia, Austrália, Oceano Pacífico e da América do Norte.


3. Chuvas de Meteoros
O meteoro, conhecido popularmente como "estrela cadente", é um fenômeno luminoso que acontece devido à entrada de um fragmento de rocha (meteoroide), geralmente deixados para trás por cometas, na atmosfera da Terra. Devido a alta velocidade, esses meteoroides entram em combustão ao entrar em contato com oxigênio, e produzem um rastro de luz que dura poucos segundos no céu – é aqui que passam a ser chamados de meteoros.

Podemos ver meteoros a olho nu, com frequência, no céu noturno. Mas quando a Terra passa por um local onde há acúmulo de meteoroides, eles são atraídos pela gravidade e há uma incidência acima do normal, que parece vir de um mesmo ponto do céu, que é chamado radiante. A chuva é nomeada de acordo com a constelação na direção de onde os meteoros parecem vir, o chamado radiante. A Taxa Horária Zenital (THZ) corresponde ao número de meteoros que um observador poderá ver no período de uma hora, se o radiante estiver situado no zênite (o ponto mais alto do céu).

21 e 22 de abril: Lirídeas
Radiante: na direção da constelação de Lira.
THZ: 20 meteoros

5 e 6 de maio: Eta Aquarídea
Radiante: na direção da constelação de Aquário
THZ: 30 meteoros

27 e 28 de julho: Delta-Aquarideas
THZ : 10 meteoros
Radiante: na direção da constelação de Aquários

12 de agosto: Perseidas, conhecidas popularmente como "lágrimas de San Lorenzo"
Radiante: na direção da constelação de Perseu
THZ: 15 meteoros

22 de outubro: Orionídeas
Radiante: na direção da Constelação de Órion, onde ficam as chamadas "Três Marias".
THZ: 25 meteoros.

13 de dezembro: Geminideas
Radiante: Constelação de Gêmeos
THZ: 75 meteoros.


4. Passagem de cometas
Cometa é um corpo pequeno do Sistema Solar, composto basicamente por gases e poeira congelados, que gira ao redor do Sol. Quando ele se aproxima do Sol, o gás e a poeira do núcleo sólido evaporam, formando uma nuvem extensa, chamada coma. O vento solar "varre" o material para a direção oposta, formando a famosa cauda. Nem todo cometa tem cauda e alguns podem apresentar mais de uma.

Se um cometa for pequeno demais, dificilmente "sobrevive" à passagem pelo Sol antes mesmo de completar uma órbita. Praticamente todo seu material evapora e ele se desintegra ou pode colidir com o Sol. É um momento de grande expectativa para os astrônomos! Para que possamos ver um cometa a olho nu, ele precisa ser brilhante o suficiente e estar próximo da Terra. 


Os cometas mais brilhantes de 2014 serão:

De março a dezembro: C/2012 K1 Pan-STARRS
Magnitude: 6
Como observar: O melhor mês para observação é a partir de setembro, ao amanhecer. Ele estará próximo à constelação de Câncer. No início de novembro, ele já será visível após a meia-noite na constelação do Pintor, ainda com magnitude 6. Dezembro será o mês em que o cometa atinge magnitude 8, encerrando seu período de visibilidade no primeiro mês de 2015. 

De julho a dezembro: C/2013 A1 Siding Spring
Magnitude: 7,5
Como observar: Em setembro esse cometa estará favorável para ser observado a partir do hemisfério sul, com a ajuda de um telescópio modesto. Na segunda semana de setembro, o cometa atinge seu brilho máximo enquanto passa pela constelação do Pavão. Esse cometa passará pertinho do planeta Marte ao anoitecer dos dias 19 e 20 de outubro. 

De agosto a outubro: C/2013 V5 Oukaimeden
Magnitude: 6
Como observar: Esse cometa poderá ser visto de madrugada, a partir da segunda quinzena de agosto entre as constelações de Órion e Unicórnio, com magnitude 10. Alcançará seu brilho máximo entre os dias 16 e 18 de setembro, passando a ser visível no período vespertino com magnitude 6. No início de outubro o cometa fica menos brilhante, sendo visível após o pôr do Sol na direção da constelação de Libra.

De maio a junho: 209P/LINEAR
Magnitude: 10,5
Como observar: Cálculos sugerem que a passagem desse cometa em 2014 será bastante favorável para observadores do hemisfério sul. No dia 19 de maio, inicia-se o período de visibilidade ao anoitecer, na direção da constelação de Ursa Maior, com magnitude 12. A maior aproximação do astro ocorrerá no dia 28 de maio, onde o cometa pode ser visto nas proximidades da constelação de Hidra Fêmea. No mês de junho o astro volta a ter magnitude 11, visível na constelação de Cruzeiro do Sul. 


5. Superlua
É a ocasião na qual o nosso satélite natural se encontra mais próximo da Terra. Em geral ocorre uma vez por ano, na sua fase nova ou cheia. Por estar mais próxima da Terra, vemos Lua mais brilhante que o normal e ela pode parecer até 14% maior em tamanho.

Em média, a Lua encontra-se a uma distância de 384.400 km da Terra. Quando está mais longe, a Lua fica a até 405.696 km do nosso planeta. Porém, em um evento como a Superlua, essa distância pode chegar a 363.104 km. No dia 10 de agosto, às 17:44, a distância da Lua a Terra será de 356.896 km.

10 de agosto às 17h44
Poderá ser visto por todo o planeta.


6. Planetas
Vale a pena olhar para o céu e saber que aqueles pontinhos brilhantes não são estrelas, mas planetas!

8 de abril: Marte estará a 93 milhões de quilômetros da Terra, a menor distância desde 2007. É uma ótima oportunidade para observação. O planeta vermelho estará na direção da na Constelação Virgem, terá 1/124 do diâmetro aparente da Lua Cheia, e magnitude de -1.48, brilho comparável ao de Sirius (a estrela mais brilhante do céu).

18 de agosto: Vênus e Júpiter estarão muito próximos um do outro no céu uma hora antes de amanhecer nesse dia – mas não se engane: não é uma proximidade física, apenas aparente! Será a conjunção mais próxima de dois planetas visíveis a olho nu em 2014, com apenas 15’ (15 minutos) de distância entre eles. Para se ter uma ideia, estenda o braço em direção ao céu. A área encoberta pelo dedo mindinho equivale a 1 grau (1°), ou 60’ (minutos do arco). "Logo, Vênus e Júpiter estarão aparentemente a uma distância 4 vezes menor do que a largura do seu dedo mindinho!", explica Diana Gama.


Fonte: Univesp

Cure a si mesmo: Faça meditação

Monges têm meditado nas montanhas por milênios, na esperança de obter a iluminação espiritual.

Seus esforços provavelmente também reforçaram sua saúde física.

Estudos sobre os efeitos da meditação têm quase sempre envolvido um pequeno número de participantes, mas todos têm sugerido uma série de benefícios.

Há indicações de que a meditação aumenta a resposta imunológica em pessoas que recebem vacinas e em pessoas com câncer, protege contra uma recaída na depressão grave, alivia problemas de pele e até mesmo retarda a progressão do HIV.

A meditação pode até mesmo retardar o processo de envelhecimento. Os telômeros, as capas protetoras nas extremidades dos cromossomos, encurtam-se cada vez que uma célula se divide e assim desempenham um papel no envelhecimento.

A equipe de Clifford Saron, do Centro para a Mente e Cérebro da Universidade da Califórnia (EUA), mostrou recentemente que os níveis de uma enzima que constrói os telômeros se mostraram mais elevados em pessoas que participaram de um retiro de meditação de três meses, do que em um grupo controle (Psychoneuroendocrinology, vol. 36, p. 664).

O mesmo aconteceu em um outro estudo com pacientes com câncer de próstata, que concluiu que a meditação retarda o envelhecimento das células.

Tal como acontece com a interação social, a meditação provavelmente funciona em grande parte influenciando as vias de resposta ao estresse. Embora esse mecanismo seja só uma teoria, pessoas que meditam têm níveis mais baixos de cortisol, e um estudo mostrou que há mudanças na amígdala, uma área do cérebro envolvida com o medo e a resposta às ameaças (Social Cognitive and Affective Neuroscience, vol. 5, p. 11).

Coautora do estudo de Saron, Elissa Epel, psiquiatra da Universidade da Califórnia em São Francisco, acredita que a meditação também pode aumentar as "vias de recuperação e melhoria da saúde", talvez desencadeando a liberação de hormônios sexuais e do crescimento.

Se você não tem tempo para um retiro de três meses, não se preocupe.

A meditação pode causar mudanças estruturais no cérebro depois de nada mais do que 11 horas de prática.

Epel sugere a adoção de "mini-meditações" breves ao longo do dia, tendo alguns minutos em sua mesa para se concentrar na sua respiração, por exemplo: "Pequenos momentos aqui e ali fazem toda a diferença."

Fonte: New Scientist

Crianças que apanham ou ouvem gritos dos pais têm maior risco de câncer e doença cardíaca


Um estudo da Universidade de Plymouth, em Devon (Reino Unido) concluiu que pais que batem em ou gritam com seus filhos os colocam em maiores riscos de desenvolver câncer, doença cardíaca e asma.

Segundo os pesquisadores, mesmo espancamentos e gritos não tão intensos podem ter as mesmas implicações para a saúde da criança a longo prazo do que abuso e trauma graves.

A suposição da equipe é que bater e gritar com as crianças causa estresse nelas. A ciência já provou que níveis elevados de estresse podem causar mudanças biológicas em um indivíduo, o que por sua vez podem levar a sérios problemas de saúde.

“Já é sabido que estresse precoce na forma de trauma e abuso cria mudanças de longo prazo que predispõem as pessoas a doenças mais tarde. Mas este estudo mostra que, em uma sociedade na qual o castigo corporal é considerado normal, seu uso é suficientemente estressante para ter os mesmos tipos de impacto a longo prazo”, explica o principal autor da pesquisa, Michael Hyland, do departamento de psicologia da Universidade.


O estudo

700 pessoas na Arábia Saudita participaram do estudo, sendo que 250 das quais eram saudáveis, e cada 150 restantes tinham câncer, asma ou doença cardíaca.

Os pesquisadores perguntaram se e quantas vezes elas tinham sido fisicamente ou verbalmente punidas como crianças.

O grupo com câncer era 1,7 vezes mais propenso a ter sido espancado quando criança, em comparação com o grupo saudável. O grupo com doenças cardíacas era 1,3 vezes mais propenso, e com o asma, 1,6 vezes mais propenso.
Castigo corporal

A forma de punição física é muito controversa. Há quem pense que as crianças podem receber castigos corporais, porque isso as educa, enquanto outros dizem que bater é um tipo de violência que só traz prejuízos (e que já foi ligado a diversos problemas comportamentais e de saúde mais tarde na vida) e na verdade não educa.

No mundo todo, os países divergem bastante quanto à legislação sobre esse ato. Por exemplo, na Suécia, a punição corporal foi banida em 1976. Desde então, quase 30 países fizeram legislação semelhante.

Já em outros países, como o Reino Unido, a punição corporal é proibida nas escolas, mas não em casa. Por fim, em outros locais, como os EUA, não há nenhuma proibição universal de punição corporal nem mesmo nas escolas.

Segundo uma pesquisa de 2010 realizada com 4.025 pessoas com mais de 16 anos em 11 capitais do Brasil, 70,5% dos brasileiros sofreram alguma forma de castigo físico quando jovens. Comparativamente, nos EUA, a porcentagem passa dos 90%, enquanto na Suécia fica em torno dos 10%.

Os cientistas do estudo atual afirmam que o uso de castigo corporal diminuiu globalmente, mas ainda é visto em 50% das crianças em todo o mundo.