O poder de um pedido de desculpas

Quando a pessoa que cometeu uma falha antecipa-se para fazer as pazes, a vítima fica muito mais inclinada a perdoar e esquecer o fato.

Isso é bem sabido.

Mas os psicólogos gostariam de entender exatamente por que isso acontece, de forma a tentar atuar quando os conflitos não foram tão prontamente apaziguados.

Michael McCullough e seus colegas da Universidade de Miami (EUA) afirmam ter feito progressos substanciais nessa tentativa de explicar os processos psicológicos que fazem o perdão acontecer.

Seus resultados mostram que os esforços de pacificação - como pedidos de desculpas, ofertas de compensação e assumir a responsabilidade pelo fato - ajudam na concessão do perdão e reduzem a raiva ao fazer o agressor parecer um parceiro de relacionamento mais valoroso e fazendo com que a vítima sinta um risco menor de ser novamente ferida pelo transgressor no futuro.

O estudo incluiu 356 voluntários, com acompanhamentos de até 21 dias.

"É um dos maiores, mais longos e, acreditamos, mais definitivos estudos já realizados sobre os efeitos dos gestos conciliatórios na resolução dos conflitos humanos", disse ele.

Pedir perdão

Os resultados mostraram que a concessão do perdão foi diretamente proporcional à intensidade dos gestos conciliatórios feitos pelos agressores.

Os gestos conciliatórios também parecem mudar a percepção da vítima não apenas sobre o relacionamento, mas também sobre a pessoa do agressor de forma mais integral.

E não parece ser difícil obter o perdão e restaurar os relacionamentos, bastando que o agressor tome a iniciativa - ainda que faça as coisas do seu próprio jeito.

"Todas as coisas que as pessoas são motivadas a fazer quando prejudicaram alguém que realmente valorizam parecem ser eficazes em ajudar as vítimas a perdoar e livrar-se da raiva," resume o Dr. McCullough.

Os resultados colocam em xeque um estudo recente muito criticado, feito por pesquisadores australianos, que concluíram que seria mais fácil perdoar quando a vítima vê o agressor sendo punido.