Disfunção sexual e falta de desejo em mulheres: porque para elas o tratamento é mais difícil?


Problemas sexuais são comuns em ambos os sexos. Um estudo americano de 1999 concluiu que 43% das mulheres e 31% dos homens têm problemas sexuais. Os problemas é que tendem a ser diferentes.

Para as mulheres, o maior problema se relaciona ao desejo. Nos homens, por outro lado, os problemas são mais técnicos: ejaculação precoce nos jovens e disfunção erétil nos mais velhos.

Só que muitas mulheres não acham que vale a pena tratar a falta de desejo sexual ou prazer. Segundo pesquisas recentes, enquanto um terço a quase metade das mulheres relatam problemas de função sexual, apenas cerca de 10% estão preocupadas com esses problemas.

Segundo os pesquisadores, eles têm assumido por muito tempo que esses problemas sexuais eram deprimentes, tanto para mulheres quanto para homens.

Quando os dados do levantamento mostraram que essa noção estava errada, e que as mulheres pareciam não se importar com seus problemas, a questão a ser respondida tornou-se outra: “O que acontece dentro dos limites de uma relação sexual que faz com que estes problemas fiquem tão angustiantes a ponto das mulheres finalmente procurarem tratamento?”.

Portanto, os 10% das mulheres que experimentam problemas tanto com falta de desejo quanto disfunção sexual tem recebido a maior atenção do estudo. Porém, as pesquisas sobre disfunção sexual podem fornecer pistas sobre os fatores que influenciam a angústia sexual – ou seja, o que está faltando para essas mulheres na cama, e porque elas não se importam.

Comparado aos fatores físicos, psicológicos e culturais que compõem o desejo, a disfunção erétil e a ejaculação precoce são muito fáceis de tratar. Esses problemas comuns do sexo masculino também são mais fáceis de diagnosticar. O homem quer fazer sexo, mas não consegue manter uma ereção? É disfunção erétil. Mas e para a mulher? Não têm desejo de ter relações sexuais? Bom, talvez ela esteja cansada, ou estressada, ou em um relacionamento ruim, ou esteja experimentando efeitos secundários de medicamentos, etc.

O que piora a confusão ainda mais é o fato de que as experiências subjetivas das mulheres com o sexo nem sempre correspondem às suas respostas físicas sexuais. Um estudo de 2008 com mais de 31.000 mulheres descobriu que enquanto 43% delas relataram problemas sexuais, apenas cerca de um quarto se importava.

Outro problema no tratamento é que as pacientes e os médicos nem sempre concordam quanto a problemas sexuais. Por exemplo, pesquisadores podem achar que as mulheres não têm disfunção, mas tem problemas sexuais, e elas podem afirmar o contrário, e vice-versa.

Segundo o estudo recente, parte do motivo porque a disfunção sexual e a falta de desejo nem sempre vêm juntos é que o desejo sexual da mulher é mais contextual do que o do homem. Por exemplo, as mulheres podem fazer sexo por uma dúzia de razões diferentes, das quais apenas uma delas é se sentir bem e satisfeita. Pra elas, o sexo pode ser um caminho para a intimidade, ou para cumprir um papel de mulher ou esposa, ou um meio para manter o seu parceiro feliz, e assim por diante.

Esse contexto é o que os pesquisadores estavam interessados em estudar. Eles pediram a 200 mulheres heterossexuais que preenchessem um questionário sobre a qualidade do relacionamento e sua satisfação sexual. Os resultados sugerem que a abordagem da mulher para relacionamentos, assim como seu nível de intimidade com seu parceiro, influenciam no fato de ela ter ou não problemas sexuais.

Os pesquisadores imaginavam que nos relacionamentos íntimos, marcados pela confiança e a abertura, os problemas sexuais seria menos angustiantes. Isso foi verdade em partes. Só as mulheres ansiosas, ou seja, preocupadas com o apego aos seus parceiros, acharam a intimidade reconfortante. Em mulheres com atitudes seguras sobre seus relacionamentos, muita intimidade não ajudou.

Os cientistas afirmam que pode ser que as mulheres ansiosas sobre suas relações fiquem aliviadas com a intimidade, e ignorem os problemas na cama. Já as mulheres seguras podem dar mais prioridade ao sexo.

Quando os pesquisadores anularam outros problemas sexuais e se concentraram somente no baixo desejo sexual, entretanto, eles descobriram que a intimidade realmente protege contra a angústia ou o estresse. Isso pode ser porque as mulheres em relacionamentos íntimos estão experimentando a proximidade de formas não-sexuais, ou porque seus parceiros tendem a ser mais compreensivos.

O próximo passo da pesquisa é tentar entender o que acontece quando uma mulher tem problemas com o funcionamento sexual. Será que seu parceiro se sente frustrado? Será que eles acabam fazendo menos sexo? E quais são as consequências ligadas à sua experiência de sofrimento? Por enquanto, as respostas a essas perguntas são só especulações.

Fonte: [LiveScience]


Nenhum comentário: