Na tentativa de botar panos quentes, Palocci tenta tranquilizar líder do PMDB

Apesar de seu discurso de posse, de que não se envolveria com a articulação política, a estreia do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, foi justamente em conversas reservadas com lideranças do PMDB, a fim de contornar a crise com o principal aliado do governo. Palocci recebeu na tarde desta terça-feira, 4, em seu gabinete no Palácio do Planalto, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O peemedebista também atua, ao lado dos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), como principal articulador do partido nas indicações de nomes para o governo.
Coube a Alves o anúncio, no início da tarde de ontem, de que o PMDB precisava ser "convencido pela equipe econômica" do reajuste do salário mínimo para R$ 540. Horas depois, o líder peemedebista foi recebido por Palocci e pelo ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Roseana Sarney, no papel de interlocutora do presidente do Senado, José Sarney, também se reuniu com Luiz Sérgio.
Embora a missão de zelar pelo bom relacionamento do Planalto com os parlamentares seja incumbência de Luiz Sérgio, foi Palocci quem tranquilizou Henrique Alves. O peemedebista deixou a Casa Civil seguro de que seu partido não perderá postos estratégicos no Ministério da Integração Nacional, pasta que perdeu para o PSB. Palocci garantiu a Alves que seu afilhado político, Elias Fernandes, permanece na diretoria geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca), vinculado à pasta da Integração.
O Dnocs gerencia milhões de reais em dotações orçamentárias, voltadas à construção de barragens e obras de irrigação. A primeira concorrência do ano já foi aberta e envolve a construção da barragem Poço de Varas, orçada em R$ 20 milhões, no município de Coronel João Pessoa, no Rio Grande do Norte - base eleitoral de Alves.
As maratonas de reuniões e conversas entre peemedebistas e petistas realizadas ontem, que incluíram as visitas de Alves e Roseana a ministros do Planalto, reduziram a temperatura da crise, mas não liquidaram os conflitos. O clima é de pacificação temporária, resumiu uma fonte do PMDB, ao descrever o jantar de ontem que reuniu ministros e lideranças do partido na casa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, inclusive o vice-presidente Michel Temer. Os peemedebistas ainda aguardam a definição de regras claras para o preenchimento dos cargos de segundo escalão.
Andrea Jubé Vianna, da Agência Estado

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